Parque estadual de Rondônia continua tomado por grileiros e invasores


Sábado (04/12/21), servidores da SEDAM e BPA/PM sofreram uma nova emboscada dentro do Parque Estadual Guajará Mirim e um servidor da SEDAM foi atingido por tiro de raspão no braço. Em maio de 2020 encapuzados já tinham emboscado e colocado barreiras a uma equipe de fiscalização

Segundo denúncia nas redes sociais o Parque continua sendo atacado por quadrilhas da indústria da grilagem, especialmente após a área ser reduzida com apoio do governador e toda bancada estadual de Rondônia, que posteriormente teve decisão da Assembleia Legislativa anulada pela pleno do TJ-RO, mesmo sem ocupação efetiva da unidade de conservação e de se ter gastado milhões em recursos do estado e do ARPA. 

Com este explícito apoio político, explodiu a invasão na unidade de conservação e o desmatamento, assim como de outras unidades, naquele que já é o Estado mais desmatado da Amazônia. 

"A invasão do Parque de Guajará Mirim coloca em risco o "Mosaico Central de Rondônia" e indígenas isolados, já que as quadrilhas já tem estradas abertas do parque para o interior da Terra Indígena Uru Eu Wau Wau, Parque Nacional de Pacaás Novos."

Assim, confirmam a impunidade da política de fatos consumados, que por décadas motiva a deflorestação e as invasões das unidades de conservação, desvia a demanda por reforma agrária e converte, como enunciado aqui, em "papel molhado" as decisões do tribunal de Justiça de Rondônia

Em 1994 foi reduzida a Terra Indígena Karipuna em quase 40.000 h. após invasão de grileiros na região próxima do atual Distrito de Nova Dimensão,  justamente visando permitir a abertura da estrada BR-421 de Ariquemes a Guajará Mirim. 

A começos do século o guarda-parque Celio Patrício Duarte Lopes foi assassinado.   

Agora que está havendo grande pressão política pelo asfaltamento da BR 319, não podemos esquecer que este incidente também confirma os efeitos negativos que comportam a abertura de estradas, tal vez necessárias, mas que acabam tendo um resultado perverso para as florestas e povos indígenas e tradicionais, como foi a chamada Estrada do Parque, que cruza o Parque Estadual de Guajará Mirim. A estrada aproveitou os danos subestimados dos custos sociais e ambientais da Usina de Jirau, durante as enchentes do Rio Madeira de 2014, isolando a região do Acre e Guajará Mirim, para forçar a abertura de uma estrada pelo Parque Estadual. (Mapa da imagem acima, divulgação da Fetagro).

Pelo menos desde 2017 os atuais grileiros desafiam as autoridades e a legalidade vigente.

Alguém acredita que a eles será aplicado o mesmo rigor policial no cumprimento da lei que aos vizinhos acampamentos de sem terra da região?

Em reunião de hoje, em Nova Mamoré (07/12/21) o Conselho Gestor do Parque da SEDAM aprovou uma nota pedindo a imediata desintrusão dos invasores e reintegração de posse do Parque.



Comentários

  1. quando o Estado legaliza o ilegal, o crime de ecocídio deve ser imputado a ambos, motivador e invasor...ambos criminosos... parabéns pela matéria

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