Crianças impedidas de ir na escola.

Motorista do ônibus escolar de Tabajara, Machadinho do Oeste RO faz denúncia ao Ouvidor Agrário Nacional, Leador Machado, de ter recebido ameaças de morte de policiais se continuar fazendo o transporte das crianças de acampamentos sem terra para a escola pública.

Segundo moradores, o motorista do ônibus escolar teria sido parado pelo mesmo policial que proferiu outras ameaças a pessoas da região, e ordenou verbalmente que ele não adentrase na Linha 1 da Dois de Novembro, onde ele trabalha transportando alunos para a Escola Onofre Dias Lopes, escola municipal, e para Escola Estadual Vivaldino Fernandes de Ávila.

Em declarações à Ouvidoria Agrária motorista de ônibus escolar denunciou ter sido ameaçado para deixar de puxar as crianças do acampamento para as escolas (transcrição de vídeo das delarações):


(0:00) Eu estou aqui na Dois de Novembro. (0:03)
- O senhor é o quê? (0:04) Motorista Escolar.
(0:05) Nesta sexta-feira. (0:07) Aproximadamente três horas da tarde. (0:08) Nós estávamos tentando desatolar um ônibus lá. (0:10) Eu vindo à frente os meus companheiros (0:12) atrás de moto. (0:13)
Eles me abordaram. (0:14) e para mim não ser covarde e eles ia me tortura.
- Eles quem? Policial.
Eu para mim que ia torturar na abordagem, porque e eu falei R. tu que revistou a minha moto e ele falou que não era ele, sim que era ele, olhei para cara dele.
Tem uma linha aí (0:30) que se eu ficar lá dentro. (0:31) Ja tinha caído dois, (0:32) ia cair mais um bocado (0:33) e eu ia cair também, (0:34) se eu continuar lá. (0:35)
E eu falei para ele que eu trabalhava ali. (0:37) É minha linha de trabalho. (0:38) E ele não é a linha, não é a linha(0:39) não era a linha, não tinha área escolar. (0:4)
Eu falei para ele lá (0:41) na curva está o meu ônibus atolado. (0:43) Está na curva atolado, para eu puxar. (0:45) Né? (0:45) E você ia ver lá.(0:47)
Mesmo assim, ele falou que tinha que sumir. (0:47) Mesmo assim falou que eu estava mentindo. (0:50) E disse que eu tinha que sumir de lá. (0:51) Eu falei, eu não posso sair, (0:52) que eu trabalho aqui, mano. (0:53) Eu não sou dono da empresa. (0:54). Qual empresa? XX Transporte. (0:55)
- O que que a empresa fez? (0:56) A empresa foi lá (0:57) e tirou o ônibus fora. (0:59) Tirou o ônibus da linha e levou a Porto Velho. (0:59) Eu não sou o dono da empresa agora. (1:00) Tirou o ônibus fora. ... (1:02) Não vai mais fazer o trajeto...
(1:00) As crianças estão sem escola? (1:13) Sem escola.


Crianças do acampamento voltando da escola. Foto Acampamnto Sta Maria. 


As crianças das mais de 440 famílias dos Acampamentos Ipê, Santa Maria e Arpa, que reivindicam terras das Fazendas Maroins, além de traumatizadas pela truculência policial, ficaram sem escola no final do ano. Sofrem as consequências diretas da falta de um Plano de Desocupação, com acompanhamento do Conselho Tutelar, como ordena entre outras medidas, não atendidas, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) na resolução n. 510, de 26 de Junho de 2023.


Uma mãe desabafa: 
"Então é isso, nós estávamos ali naquele (0:05) sem terra ali, mas aí a polícia invadiu lá, nós perdemos tudo, tivemos que sair. (0:11) E estamos aqui sem lugar de ficar. Estamos sendo convidados aqui temporariamente (0:20) num amigo aqui, mas não podemos ficar aqui, nós precisamos, né, de ajuda. (0:28) Então, estou sem bolsa de família, estou mexendo com a aposentadoria, meu benefício está bloqueado. (0:36) Voltou para o INSS, não retornou. Precisamos de ajuda, né? (0:45) Minhas crianças estão sem estudar no momento, sem roupas, calçados, sem alimento, (0:51) com essa necessidade."

Este trato desumano com as famílias e a caçada huma dos acampados resultado de interdito proibitório, afeta de modo especial as crianças das famílias acampadas de Machadinho do Oeste. Esta situação contrastae e compromete a imagem dos Colégio Objetivo, e os "mais de 9 mil alunos em suas unidades próprias e mais de 215 mil nas redes conveniadas, que utilizam o Sistema de Ensino Objetivo".[1] Alunos, professores e crianças do Colégio Objetivo, que se prezam por ter, já desde 1980, uma preocupação ambientale com a sobrevivência da natureza.

Excel.lência escolar que contrasta com o trato dado a estas dezenas de alunos das escolas rurais municipais e estduais rurais de Machadinho do Oeste. Que podem perder o ano letivo, após a justiça ordenar sem o menor cuidado nem proteção com os mais vulneráveis, o despejo das famílias acampadas nas Fazendas Maroins, a pedido do Grupo Di Gênio, apesar de ter claros indícios que a maior parte das 39.000 hectares são Terras Públicas da União griladas pela fazenda.

O Conselho Nacional de Justiça deve se posicionar, corrigir e punir esta clara in-justiça do judiciário rondoniense, que contradiz as orientações também do Conselho Nacional de Direitos Humanos e em nada está contribuindo a manter a paz social e o estado de direito na região.

Por outro lado, há denúncias de roubo das bombas de água do poço do Acampmento Ipê e das caixas de água e de outros ítens que os acampados foram impedidos de recolher. 

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