Rondônia na lista suja do trabalho escravo de abril 2025.

Trabalho escravo nos invasores da Resex Jaci-Paraná, Porto Velho. Foto MTE


O Cadastro de Empregadores que submeteram trabalhadores a condições análogas à escravidão foi atualizado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), nesta quarta-feira 09 de abril, com a inclusão de 155 nomes.  

Entre eles, seis nomes de Rondônia, estado onde os fiscais do trabalho do Ministério de Trabalho resgataram 17 trabalhadores sometidos a condições análogas à escravidão. Os nomes divulgados foram resultado de fiscalizações realizadas nos municípios de Buritis e Ariquemes (Região do Vale do Anari)  Vilhena (Cone Sul), Nova Mamoré e Porto Velho. 

Além dos já infelizmente tradicionais casos de trabalho análogo a escravidão do Cone Sul e do Vale do Anari,  destaca o aumento de casos na região da àrea de desenvolvimento conhecida como AMACRO, no caso Nova Mamoré e Porto Velho, um destes estes na BR-319 e outro dentro de Minas Novas, a região de grileiros da Resex de Jaci -Paraná, que além de invadir e destruir as florestas dos extrativistas para pecuária irregular, mantém trabalhadores submetidos a condições análogas a escravidão

Segundo o MTE, conhecido como "Lista Suja",  o cadastro é atualizado semestralmente e visa dar transparência aos atos administrativos decorrentes das ações fiscais de combate ao trabalho análogo à escravidão. Durante a ação fiscal da Inspeção do Trabalho, são lavrados autos de infração para cada irregularidade trabalhista encontrada, que demonstram a existência de graves violações de direitos, e ainda auto de infração específico com a caracterização da submissão de trabalhadores a essas condições.  Cada auto de infração gera um processo administrativo e, durante o processamento dos autos de infração, são assegurados aos autuados garantias processuais constitucionais, como o contraditório e a ampla defesa em duas instâncias administrativas.

De acordo com o MTE, os nomes incluídos são de empresas e empregadores que passaram por processos administrativos finalizados e sem possibilidade de recurso. Após um flagrante, “é lavrado um auto de infração específico que descreve a situação de trabalho análogo ao de escravo. Cada auto dá origem a um processo administrativo, no qual os empregadores têm garantidos seus direitos de defesa, podendo apresentar argumentos e recorrer em duas instâncias”, descreve. Após a inclusão, o nome permanece publicado por dois anos, conforme determina a instrução normativa que regula a lista. Na última sexta-feira (4), foram retirados 120 nomes que haviam completado esse prazo.

Os nomes de Rondônia incluídos na última atualização de abril de 2025 são estes: 

Número 83 da lista, de 2023, com 01 trabalhador resgatado:

ARQUIMEDES FRANCISCO ZEFERINO, cpf 283.718.952-91 

LC C 46 PA RIO ALTO, LOTE 07, 08 E 09, GLEBA 12, ZONA RURAL,  

BURITIS/RO. 

 

Número 125 da lista, de 2020, com 05 trabalhadores resgatados:

 CIRINEU FERNANDES FIGUEIREDO, cpf 327.027.602-87 

PROPRIEDADE RURAL, LINHA 3, DISTRITO DE JACINOPÓLIS, KM 14, SENTIDO 421, 

NOVA MAMORÉ-RO. 

 

Número 161 da lista, de 2022, com 02 trabalhadores resgatados:

DDR AGROFLORESTAL - COMERCIO DE PRODUTOS DE ORIGEM FLOR 

cnpj 23.650.623/0001-05 RODOVIA BR 174, KM 50 SENTIDO JUÍNA, S/N,ZONA RURAL, 

VILHENA-RO


Número 402 da lista, do ano 2023, com 04 trabalahdores resgatados.

 JÚLIO KLEBER COELHO DE ANDRADE, cpf 525.211.175-87 

FAZENDA OURO BRANCO, ZONA RURAL, 

ARIQUEMES/RO

 

Número 662 da lista, de 2023, com 04 trabalhadores resgatados:

S.K.R.RATES LTDA 04.490.916/0001-28 

BR 319, KM 46, LINHA C-25, KM 04 - ZONA RURAL - 

PORTO VELHO/RO. 

 

Nº 699 da lista, do ano 2024, com 01 trabalhador resgatado: 

VALFREDO LUIZ PINTO, cpf 219.736.012-49

FAZENDA NA RESERVA EXTRATIVISTA ESTADUAL DE JACI PARANÁ, 

LINHA 2, REGIÃO DE MINAS NOVAS, DISTRITO DE RIO PARDO, ZONA RURAL,

PORTO VELHO/RO


Os nomes de Rondônia correspondem a área rural, sendo sítios e fazendas, além duma empresa de reflorestamento de Vilhena, localidade onde há bastante atividade de plantio de eucaliptus.

Citado pela Agência Brasil,  segundo o coordenador-geral de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Análogo ao de Escravizado e Tráfico de Pessoas, André Esposito Roston, o cadastro cumpre o papel fundamental de comunicar à sociedade sobre os flagrantes e os resgates de vítimas de trabalhos análogos ao escravo, que infelizmente ainda persistem no Brasil. Ele indica também o canal existente para fazer denúncias: 
 
“A cada atualização do cadastro temos a oportunidade de informar à população sobre as vítimas resgatas e os responsáveis pela exploração e sobre a importância de todos contribuírem para sua erradicação, inclusive denunciando ao Ministério do Trabalho pelo canal oficial do Sistema Ipê.”

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) para abrir o olho para essa realidade ocultada e tomar atitude mantém o projeto da Campanha Nacional de Prevenção e Combate ao Trabalho Escravo, que a CPT coordena desde 1997.  Em Rondônia podem ser feitas denúncias através do telefone 69 32244800.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Empresa de segurança provoca conflito em distrito de Machadinho do Oeste RO

URGENTE: Polícia Militar protege pistoleiros em Nova Brasilândia do Oeste RO

Polícia leva carro de agricultores em Machadinho.