O Galo Velho, famoso grileiro de Rondônia perde indenização na justiça.



O mais famoso grileiro de terras de Rondônia, conhecido como Galo Velho, teve um processo milionário perdido na justiça após pedir indenização por mais de 34.000 hectares de propriedade, que segundo ele estariam situadas dentro do Parque de Mapinguari, a margem esquerda do Rio Madeira.

Em realidade constam outros registros de que a citada propriedade, TD Santa Maria do município de Porto Velho está situada na margem direita do Madeirão. 

A decisão foi tomada por unanimidade pelo  Tribunal Regional Federal da 1ª Região, a pedido do Ministério Público Federal em 29 de Março de 2022, que divulgou a informação. 

O famoso grileiro já teve desarticulado o dia 23 de Julho de 2020 pelo MPF um grande esquema de grilagem e superfaturamento de terras, e foi preso junto com dezoito mandados de busca e apreensão expedidos pela 3ª Vara da Justiça Federal em Porto Velho/RO. 

Segundo as informações divulgadas pelo MPF, em investigações iniciados em 2016, os autores formavam uma organização criminosa composta por servidores públicos e particulares entre 2011 e 2015, que tinha especializado em fraudar processos judiciais de desapropriação de terras, causando prejuízo aos cofres do INCRA, em razão do pagamento de indenizações da reforma agrária, com a cumplicidade e envolvimento do falecido juiz federal Herculano Nazif. Esquema que fraudava diversos processos judiciais relativos às desapropriações de imóveis rurais no estado, que eram superavaliadas para  o pagamento das indenizações fraudulentas de centenas de milhões.

As informações na CPT sobre a atuação de acumulação de terras públicas der Antônio Martins dos Santos, o Galo Velho, são muito antigas e ainda tudo indica que continua na atualidade. Ele já foi denunciado por assessoria jurídica da CPT/RO e Deputado em audiência pública do Senado da CPMI da Terra, em 15/04/2005, como o maior grileiro terras pertencentes à União doEstado de Rondônia, que teria em seu poder uma área total de um milhão de hectares.

Ainda hoje o Galo Velho é citado como suposto done de grandes latifúndios de Cujubim, Machadinho do Oeste, Alto Paraíso, no distrito de Bandeirantes e em Nova Mutum, em Porto Velho. 

O pior é que estas terras não foram griladas sem violência, e apenas na área Sol Nascente, em Cujubim, no ano de 2003 há registro de atuação de jagunços da fazenda do Galo Velho, com mortes dos sem terra Cícero Ferreira Lima, (02/06/2003)e de Edgar Trevisan, presidente da Associação (20/07/2003). 

Nesta área, conhecida por Td Urupá, de arredor de 21.000 h., há décadas acumulam-se conflitos e violência, como os despejos, maus tratos e prisões das famílias do grupo de 40 famílias do Movimento Urupá Livre na Linha 8 da área do Galo Velho, em 2017, que ainda continuam em Machadinho reivindicando o retorno a suas posses, sendo que este ano foram presos intentando reocupar a área da qual foram violentamente despejados de forma irregular.

O mesmo local estava em disputa de Antônio Martins com o INCRA, referente ao imóvel denominado seringal Novo Mundo/Salvador, localizado no município de  Cujubim e de Machadinho do D`Oeste, tramitando na 5ª  Vara Federal  Agrária e Ambiental de Porto Velho. 

Destaca esta atuação do Ministério Público Federal por atacar um grande esquema de grilagem e corrupção que há décadas atuava encravado no Estado de Rondônia, concentrando terras e especulando criminosamente, com terríveis consequências. 

No interior e no entorno das fazendas Norbrasil e Arco Iris, também chamada como área do Galo Velho, junto com a vizinha fazenda Santa Carmem, no distrito de Nova Mutum de Porto Velho, é a região onde têm acontecido oito das onze mortes de camponeses registradas pela CPT o ano passado, em 2021, assim como em fevereiro deste ano 2022 do casal Ilma Rodrigues dos Santos e Edson Lima Rodrigues.

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