Já em Santarém para o encontro da Igreja da Amazônia dos 50 anos do falado e tão desconhecido Documento de Santarém de 1972. Que mudou os rumos da Igreja amazônica aplicando a linha do Concílio e de Medellín.
Nos ajudou a nascer como Comissão Pastoral da Terra para o Brasil. Inspirado pelo patricio catalão amazonizado, Dom Pedro Casaldáliga, participei em Manaus do encontro dos 25 anos de Santarém, em 1997, que me ajudou a definir o tema do trabalho de teologia moral: A Igreja diante da devastação amazônica.
Onde sofre a natureza também sofre o povo. Aqui os mais prejudicados são os indígenas e comunidades tradicionais. Agredidos, ameaçados e abandonados não apenas dos governos, mas muitas vezes até das Igrejas, voltadas para a urgência do atendimento dos milhares recém chegados das frentes de colonização.
Isto me aproximou da prioridade do trabalho com os ribeirinhos do Rio Guaporé, que foram reconhecidos como quilombolas e hoje lutam pelos seus direitos territoriais.
E a CPT, a pastoral da terra, além dos pequenos agricultores injustiçados e a procura de seu pedaço de chao, também está mais a apoiar aos seringueiros, ribeirinhos e comunidades tradicionais em toda a Amazônia.
Hoje a caminho de Santarém pensava no desafio da Igreja da Amazônia, após a Laudato Si e do entusiamo do Sínodo. Que precedeu novos ventos sinodais da Igreja Católica em todo o mundo. Dos avanços e de tantos retrocessos. Hoje a Igreja de Francisco volta a ser uma referência de libertação. Contrastando com a política de destruição do estado ao serviço dos grandes interesses econômicos.
Pensava em como a CPT poderia contribuir, uma pastoral de fronteira, nascida das linhas eclesiais do Documento de Santarém, que sempre está com um pé dentro da Igreja, e outro fora (as vezes até os dois pés mais fora do que dentro) porém sempre junto com as lutas e resistências dos povos da terra, das águas e das florestas...
Pensava em como a CPT é vista por esta nova leva de bispos e padres, leigos e religiosas, muitos dos primeiros já escolhidos pelo perfil do papa Francisco.
E ao final, diante de tantos desafios, depois deste dia querido da Festa do Divino, temos que pensar no que o Espírito vai nos pedir.
Santarém, 05 de junho de 2022.
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