Empresa de segurança provoca conflito em distrito de Machadinho do Oeste RO

 


Uma empresa de segurança com o nome de Proteção Máxima está sendo acusada de ter provocado um conflito com a vizinhança do Distrito de Tabajara, em Machadinho do Oeste, Rondônia. 

Segundo informações recebidas pela CPT RO, seguranças da empresa agem de moto e de camionete patrulhando a estrada e os ramais do Distrito de Tabajara e realizando blitz ilegais, armados e encapuzados, cono uma verdadeira milícia, agindo como se fossem policiais: Pedindo a documentação daqueles que trafegam pela estrada RO 133 e ramais, tratando identificar os membros de acampamentos sem terra localizados na região.

Segundo fontes da população, faz quinze dias um adolescente teria morrido atropelado por uma camionete da empresa circulando a alta velocidade. O falecido era filho do proprietário dum sítio da linha LJ-27, um dos ramais da região. 

No sábado, uma blitz irregular teria sido montada na RO 133 e dois motoristas vizinhos da região tiveram suas motos tomadas pela empresa de forma ilegal e abusiva.

 Este fato foi a gota que faltava para terminar de revoltar a população do Distrito, provocando a vizinhança para se juntar em grande quantidade e se dirigir ao local onde os seguranças da empresa  continuavam realizando a blitz ilegal.

Quando os encapuzados viram o grande número de pessoas que se aproximava, eles fugiram correndo e atirando, abandonando a camionete da empresa, que depois apareceu queimada no local.

Criminalização dos Acampamentos da região.

Em matérias aparecidas localmente, os acampamentos que reivindicam a reforma agrária foram acusados de terem atacado os seguranças e queimado a camionete. Mas segundo os mesmos ninguém atirou contra os seguranças, apenas foi a milícia armada que atirarou quando fugiam da multidão. 

Ainda, os acampados afirmam que nenhum deles estava presente ali. Mas a versão foi espalhada para os culpabilizar injustamente, assim como criminalizar a demanda de reforma agrária.


À serviço do latifúndio de 49.000 hectares

Segundo os acampados, esta empresa de segurança estaria sendo contratada pelas fazendas do grupo Di Gênio, os sucessores do fundador dos Colégios Objetivo e Universidade Objetivo e Universidade Paulista. Este grupo se diz dono dum grande latifúndio de 49.000 hectares, inicialmente  denominada Fazenda Maroins, que agora foi desmembrada em Fazenda São Miguel I, Fazenda São Miguel II, Fazenda Maroins, Fazenda Espírito Santo, Fazenda Washington, Fazenda Santa Maria. 

Segundo as informações recebidas, a mesma empresa estaria se excedendo na guarda da posse das fazendas e provocando o terror na região. 

Terra pública da União reivindicado para reforma agrária.

Três acampamentos reivindicam a área para reforma agrária, juntando mais de quatrocentas famílias acampadas, pois a maior parte do imenso latifúndio está formado por Terras da União, griladas pelo falecido empresário. 

Assassinato, ameaças, destruição de casas e violência.  

O local já tem sido palco de numerosos episódios de violência, em especial o Acampamento Ipê, que teve uma das lideranças, José Carlos dos Santos, assassinado em 14 de outubro de 2023 com 34 tiros quando voltava da Igreja, em Theobroma (RO). Como habitual em Rondônia, em crimes que vitimam camponeses que reivindicam a reforma agrária, o crime não foi esclarecido até agora.

Outras lideranças sofreram graves ameaças, e o grupo já amargou a expulsão e destruição de suas casas e roças por outro grupo de seguranças encapuçados, em 01 de agosto de 2024. 

O assassinato, diversas ameaças e incidentes foram denunciados a Ouvidoria Agrária Nacional, em maio de 2024, relatando a uma missão da Comissão Nacional de Combate à Violência no Campo as constantes agressões que o ano passado já assolou o acampamento.

Os acampados também denunciaram o desmatamento ilegal de madeira nativa, e que pessoas responsáveis pelas derrubadas das árvores também estariam ligadas ao massacre no Assentamento Taquaruçu do Norte, em Colniza (MT), ocorrido em 2017, quando nove trabalhadores rurais foram assassinados com requintes de crueldade.

Os moradores de Tabajara reivindicam a responsabilização dos autores da morte do adolescente que morreu vítima da suposta camionete da empresa de segurança, assim como o fim das blitz clandestinas e do terror que os seguranças são acusados de realizar nas estradas e ramais de toda a região e das patrulhas armadas ilegais, que impedem o povo do Distrito de Tabajars de ir e voltar de suas moradias. 


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